Eugénio de Andrade em "Os sulcos da Sede"
Há um tempo em que damos estranhos
nomes às coisas.
Por exemplo, fulgor; por exemplo,
mundo; por exemplo, desejo.
Nomes novos, como na infância
a neve.
Um dia acordas, tens treze,
catorze anos, descobres que estás nú
e tens ao lado outro corpo
também despido e menos inocente.
Ao teu ouvido, conivente com a luz
matinal das laranjeiras,
chega um rumor de sílabas roucas
húmidas de desejo.
Como noutros dias, de ramo em ramo,
a neve.
Monday, 28 January 2008
Os Nomes
Posted by O Coxo at 22:15
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