Tuesday, 14 July 2009

A minha varanda

(texto de: O Coxo)

Da minha varanda nunca se vê o mar. Puseram-me uma árvore mesmo em frente e a Suiça por baixo. Na árvore crescem gatos pardos à noite e melros ao amanhecer.

Às vezes ponho-me em bicos de pés. Outras vezes são andaimes que trazem todo o tipo de pessoas, como barcos. A minha varanda diz-se inclinada para os antípodas, debruçada sobre si mesma.

Lugar de contemplações circunscritas, a minha varanda nunca viu o mar. Mas de vez em quando um cheiro a maresia bate nas paredes e faz eco. Como nessas conchas em que pomos o ouvido.

No final, histórias de vizinhos reformados enquanto se põe a roupa a secar. A roupa salgadíssima. Os vizinhos insossos. O vento a chamar tempestade e a roupa de repente molhada outra vez.

Dir-se-ia as ondas de um mar que não se vê.

2 comments:

eTecas said...

Isso é tudo saudades desta terrinha à beira mar plantada? ;o)

O Coxo said...

Pode bem ser isso Teresa, pode bem ser isso... beijinhos,