Thursday, 20 March 2008

Natureza morta

texto de: O Coxo

Se calhar nem todos estavam a contar com a debandada dos horizontes. Abriu-se um escoadouro ao fundo, na intercepção das linhas de fuga, e toda a paisagem escorreu por ali abaixo. Fluida, fluida, foi descendo até às árvores e sumiu-se por detrás das copas. Foi sol foi tudo.

Como é que eu sei isto ? pois bem, tudo isto se passou dentro da minha cabeça. Portanto é imensamente real.

As coisas existem com um peso brutal. Mesmo se todos os objectos são imaginados, têm no entanto um peso brutal. Um arquétipo duma árvore é ainda mais pesado que a instância da árvore porque carrega com ele o peso do subconsciente colectivo. Não sou eu que o digo, é Jung.

Bom, de qualquer modo é preciso esperar. É preciso esperar que as coisas retomem o seu lugar e forma. Entretanto pode ser que seja primavera e a paisagem volte com mais cor.

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