Wednesday 25 September 2024

Praia póstuma

custa-me abrir os olhos

aranhas de sangue 

na madrugada boémia

vacilando na retirada das marés.

olhos prodígio.

faróis erguidos na antemanhã

entretanto extintos.

custa-me como se sal

engrossando as pálpebras.

não estou cego 

mas pesa-me esta não-visão

de olhos fechados corro ainda

na madrugada abissal dos sonhos

corro descalço na praia 

corro assim

postumamente inclinado para o abismo.


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