Tirada um destes dias em Edimburgo, a foto é o somatório dos seguintes elementos:
1. O Castelo ausente.
O castelo, se bem que ausente da foto, é o elemento primordial, mitológico. Precipita-se no promontório numa verticalidade de pedra. Em baixo os homens veneram-no.
A ausência alimenta o mito.
2. A cidade.
A cidade desceu do castelo. Cravou raizes na aresta. Depois floresceu numa prodigalidade de ruelas caindo morro abaixo.
Outra analogia: primeiro o dorso nú, a espinha, o nervo. Depois as costelas, frágeis, inevitáveis.
3. Os homens.
Os homens jazem nos jardins. Dormem trespassados pelo vento que corre das ameias. O odor da carne extinguida alimenta a migração dos mitos do interior do castelo para o interior dos homens.
Ou então mais simples: estendem-se na relva como répteis e deixam o sol aquecer-lhes o sangue. Quando não há sol fazem luminoterapia, suicidam-se.
Os homens às vezes têm o sangue frio.
Thursday, 4 October 2007
A foto do castelo ausente
Posted by O Coxo at 20:01
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