Viemos do sul. Na pele invulgarmente amarga o sol cultivou sal, suor bebido numa ilusão de mar.
Ainda nos queima o vermelho da terra. A cor quente de ferro fundido escavando sulcos na obstinação
- Quero ficar !
Ferro e chamas. Um barulho metálico aquece a atmosfera. E todavia o mar. E todavia o magma derramado que se torna negro e entra água adentro. O ferro escorrendo pela vontade adentro
- Deixem-me quero ficar !
Os olhos cheiram o vermelho da terra. São os olhos que inevitavelmente cheiram o vermelho da terra. Um odor observado que apesar disso queima.
Por isso o sul. Por isso tardes derradeiras. Por isso sofrer as transpirações da carne sem respirar. Sufocar na luz doce do crepúsculo, incapaz de a capturar com mãos habilmente tecidas. Mãos em súplica.
Na tarde enfim devota, mãos em súplica e o ar oscilando narrativas.
Corremos na direcção de um ponto cardinal de boca aberta e cabelos utópicos. Utópicos porque demasiado finos. Tão finos que perfuram o rosto enquanto corremos. Chegámos de rosto perfurado e abrimos mais a boca até que a luz invada o esófago. Aceitamos o alimento imputrescível. O corpo excessivo em suspensão na direcção cardinal enquanto mastigamos tudo isto.
Ainda a obstinação: Fogo e mar.