Monday 24 November 2008

sobre os espelhos

texto de: O Coxo

Um poeta move-se na violência dos espelhos. Move-se maternalmente entre as imagens e delas colhe esse amor pródigo com que empilha as palavras.

Esse amor dissoluto com que empilha as palavras e depois as destroi.

O cenário é este: a verticalidade do verso na profusão da luz. Uma luz vaga e imprópria. Uma luminosidade incestuosa onde se establecem as intrincadas leis da metáfora. Um, dois fotões perdidos numa cave até aqui só penumbra e então um clarão repentino, o verso, o poema, o deslumbramento !

A poesia constroi-se no aturdimento dos sentidos: imagens que entram em nós invertidas mas em que aceitamos acreditar num pacto de conivente ingenuidade. O princípio básico consiste em introduzir erros na atribuição das probabilidades a uma ou outra partícula elementar da construção das frases e depois tender para a normalidade.

O poeta é tão sensível à sua própria brutalidade como ao sofrimento colectivo. Por isso a gestação da luz no ventre estropiado, enquanto lá fora chove (as estrofes louvavelmente afectadas pela meteorologia: ventos de fraca intensidade e ondulação de noroeste). E como arma maternal os espelhos.

Tudo isto é atroz. E todavia permanece credível dentro do poema enquanto for explorado até à náusea.

Mas há uma estética. Quer dizer, se calhar não é uma estética: a luz e a observação dos gradientes na superfície dos espelhos são uma estética ? refiro-me aos espelhos côncavos e convexos. E às imagens que entram em nós invertidas.

O que interessa é o amor.

Esse amor dissoluto com que empilha as palavras e depois as destroi.

E a luz na cave onde está submerso.

Sunday 23 November 2008

Boudhanath


















Boudhanath stupa, Kathmandu; photo taken by: O Coxo, October 2008

Saturday 22 November 2008

Monastery


Small monastery in Lukla, picture taken by: Coxo, October 2008
Regards to Toshi

Friday 21 November 2008

decomposição

Porra, e já é sexta feira ! contam-se as horas e entretanto passaram anos: as verdades permancem invencíveis no seu posto. Há dúvidas, certo. Há hesitações. Mas a inevitabilidade cavou trincheiras à nossa frente. Caminhamos todos em espiral para algo monstruoso. Agrada-nos o conforto das forças centrífugas. Queremos um fim, procuramos respostas, um centro, uma metafísica, todas essas coisas absurdas que representam dois ou três impulsos eléctricos num cérebro também ele absurdo. Perpetuamo-nos e perpetuamos as perguntas. Depois vêm os filósofos e põem em causa as perguntas. Depois vêm os sociólogos e os políticos, e os que tiraram lições da história e aplicam as suas lições ao experimentalismo. E o experimentalismo torna-se a própria história e daí tiramos as nossas lições para aplicar mais tarde.


E o fim de semana ? ah, é já amanhã...

Notas para uma regra de vida

Por momentos pareceu-me que Bernardo Soares falava do Coxo quando lia esta passagem do livro do desassosssego:


"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; Um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende."


Tuesday 18 November 2008

Strange days

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Monday 3 November 2008

Kala Pathar

Everest and Nupse view from Kala Pathar, 5643m

(http://en.wikipedia.org/wiki/Kala_Patthar)

Khumbu valley, Nepal